A brutal ascensão dos nazistas em Berlim

The Ruthless Rise of the Nazis in Berlin · Tradução de Leonardo Tavares Brown
· 22 minutos de leitura

No nublado 7 de novembro de 1926, não havia nenhum sinal que aquele homem baixo, com 29 anos, que mancava de uma perna e tinha acabado de descer do trem na Estação Anhalter em Berlim, mudaria o destino da capital alemã. Joseph Goebbels, um oficial de carreira no Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, ou Partido Nazista, tinha chegado para o que parecia uma missão impossível. Como um Gauleiter, ou líder regional do partido, ele foi incumbido da tarefa de lutar por poder em Berlim.

Na época, a facção liderada por Adolf Hitler tinha 49 mil membros em toda Alemanha e estava em frangalhos na capital, onde só contava com algumas centenas de membros. Em um relatório assinado em Outubro de 1926, um oficial do partido lamentava “a completa ruína da organização de Berlim”, a qual ele descreveu como um grupo autodestrutivo e confuso, sem esperanças de conserto.

O escritório do partido na rua Postdamer 109 reforçava essa impressão. Era um porão escuro que fedia a fumaça de cigarros, suor e cerveja. Membros do partido chamavam o escritório de “covil do ópio”.

No fim daquele ano, Goebbels alugou um escritório mais aceitável para o partido na rua Lützow. Ele expulsou os membros inúteis e os criadores de confusão e convocou os membros restantes para participar de uma série de campanhas. Goebbels ocupava sua função por menos de uma semana quando organizou uma passeata atravessando o distrito de Neukölln, um bastião de comunistas, culminando em um tumulto generalizado.

Goebbels queria que o partido de Hitler mostrasse suas cores em Berlim, a qual ele descrevia como “a cidade mais vermelha da Europa depois de Moscou”. Juntos, o Partido Social Democrata e o Partido Comunista da Alemanha tiveram 52,2% dos votos nas eleições municipais de 1925. O novo líder nazista na capital decidiu combater a superioridade numérica da esquerda com um ataque frontal. Para isso, ele foi para Pharussale, um salão de conferência frequentemente ocupado pelo Partido Comunista para seus comícios no distrito de Wedding, e deu um discurso sobre “O colapso do Estado burguês”. Isso provocou os comunistas.

Em 11 de fevereiro de 1927, um encontro do Partido Nazista se transformou em uma briga violenta entre os dois grupos. Copos de cerveja, cadeiras e mesas voaram pelo salão, ferindo gravemente pessoas que acabaram cobertas de sangue no chão. Apesar dos ferimentos, foi um triunfo para Goebbels, que comandou os marginais que espancaram por volta de 200 comunistas, expulsando-os do salão.

Uma estratégia de provocação

Goebbels transformou Berlim em um laboratório violento para a futura ditadura utilizando os serviços da Sturmabteilung, ou SA, a divisão de assalto do partido, conhecida como “camisas marrons”. A SA combinava romantismo militaresco, ódio de jovens pelas velhas elites e a revolta da classe trabalhadora do leste da cidade contra os distritos mais ricos do lado oeste. Para os nazistas, os camisas marrons - que incluíam desempregados, subempregados, aprendizes e estudantes do segundo grau - eram “soldados políticos”. Na visão de Goebbels sua missão era “a conquista das ruas”. No grande caldeirão que era Berlim, esses jovens conciliavam duas perspectivas que até então eram hostis entre si: nacionalismo, o que Goebbels acreditava que deveria ser “reformulado em feições revolucionárias”, e “o verdadeiro socialismo”, livre do marxismo.

Os judeus de Berlim se tornaram o para-raios desse experimento, buscando conduzir as tensões políticas e sociais da metrópole até seu ponto de ruptura. Goebbels, que tinha sido orientado no seu doutorado por um professor judeu, atribuiu aos judeus o papel de bodes expiatórios. “O Judeu” era um “aspecto negativo” que deveria ser “erradicado”, escreveu em 1929. Ele via os judeus simultaneamente como a personificação do capitalismo, do comunismo, da mídia e da polícia. Seu lema simplório, “A Culpa é dos Judeus!”, provou ser um veneno de longa duração.

Goebbels escolheu Bernard Weiss, o chefe da polícia judeu de Berlim, como o alvo preferido da sua campanha antissemita, dando a ele o apelido de “Isidore”. Depois que Weiss o processou por difamação e ganhou, ele passou a se referir ao chefe de polícia como “Weiss, que proíbiram de chamar de Isidore”. Goebbels debochava da força policial chamando-os de “cachorros São Bernardo” e “guardas de Weiss”.

Jovens do partido cantavam canções sobre “Isidore” e usavam máscaras de “Isidore” - e frequentemente conquistavam o riso das outras pessoas. De fato, os nazistas usavam humor ofensivo como uma arma em sua luta contra a República de Weimar. “Nós zombamos e derrubamos todo o sistema com risadas estrondosas”, escreveu Gunter d’Alquen, editor chefe da revista Das Schwarzen Korps, em 1937. Essa era a revista oficial da Schutzstaffel, ou SS, a guarda pretoriana de Hitler, fundada em 1925.

Goebbels acreditava que “zoeira era necessária”. Na exibição de uma adaptação cinematográfica do romance pacificista “Sem novidade no Front” no cinema Mozartsaal, membros da SA soltaram ratos brancos no meio da plateia. Mulheres gritando forçaram a interrupção do filme enquanto os nazistas riam. O próprio Goebbels estava sentado nas fileiras. Ele justificava sua estratégia de provocação dizendo que os nazistas podiam ser acusados de qualquer coisa, menos de serem sem graça. Brigas de rua nos encontros políticos forjavam um sentimento de união e camaradagem entre os membros. Em primeiro de maio de 1927, Hitler palestrou para os membros de Berlim pela primeira vez no elegante centro de convenções Clou. Goebbels apreciou sua confiança e chorou ouvindo seu discurso sobre “o espaço e o povo”.

Membros do partido em Berlim amavam o homem que eles chamavam de “nosso Dr. Goebbels” porque ele passava muito tempo em contato com eles, confortando os severamente feridos, segurando a mão dos moribundos e comparecendo ao funeral dos falecidos.

Um começo modesto

Goebbels, que não pode lutar na Primeira Guerra por causa da sua perna direita deformada, provou ser o soldado mais importante de um exército lutando em uma guerra civil insidiosa. Durante essa guerra, os nazistas sobreviveram a diversos desafios. Cinco dias após o discurso de Hitler no salão Clou, a polícia baniu o Partido Nazista de Berlim. Isso não impediu sua ascensão. Goebbels, que tinha lido a autobiografia de August Bebel, um político marxista e cofundador do Partido Social Democrata na Alemanha, aprendeu a lição da luta dos socialdemocratas contra as leis antissocialistas de Bismarck. Os nazistas então mantinham associações aparentemente inofensivas, como grupos de boliche, de natação e de poupança. Com o lema “banidos, mas não mortos”, Goebbels fundou o jornal Der Angriff (O Ataque) em julho de 1927, inicialmente semanal. O subtítulo, “Para os Oprimidos - Contra os Exploradores”, era voltado para leitores da classe trabalhadora.

No começo, os nazistas tiveram um sucesso apenas modesto. Aproximadamente 39 mil berlinenses, ou 1,6% da população da cidade, votou para o partido de Hitler, em maio de 1928, para a eleição do parlamento. No entanto, a proibição do Partido Nazista em Berlim foi suspensa para a campanha. Quando Goebbels se tornou um dos 12 parlamentares nazistas eleitos, ele o fez com palavras ameaçadoras: “Nós não temos nada a ver com o parlamento. Nós o rejeitamos de dentro.”

De fato, a estratégia da filial de Berlim do Partido Nazista era formar uma oposição fora do parlamento, construindo células nas ruas e nas empresas, se apropriando do método de comunistas. Em 1928, o partido organizou um comício com milhares de apoiadores, enchendo o estádio Sportpalast na rua Postdamer.

Em 1929, o partido comandado pelo “bandido-chefe Goebbels”, como os comunistas costumavam chamá-lo, conseguiram 5,8% dos votos para a Câmara Municipal, assegurando 13 assentos no parlamento municipal.

O “sistema” da República de Weimar, que os nazistas atacaram, ficou relativamente estável por muito tempo. Mas isso mudou no final de outubro de 1929, quando o mercado de ações de Nova York entrou em colapso. O desemprego em massa aumentou acentuadamente, aumentando o potencial de agitação urbana.

Lutando contra todos, mas principalmente contra a esquerda

Os nazistas de Berlim lutaram uma guerra política em duas frentes. Uma era contra os socialdemocratas e os partidos estabelecidos que comandavam a cidade e o país. A outra era contra os comunistas, com suas fileiras cheias de pessoas afetadas pela crise.

No conflito com os propagandistas da revolução mundial, o Partido Nazista tinha apenas uma chance de se diferenciar da direita reacionária. No Der Angriff, Goebbels levantou uma polêmica contra os “gatos gordos, pretos, brancos e vermelhos”, fazendo uma referência às cores da bandeira do Império Alemão reverenciada por muitos nacionalistas de direita. “Vocês dizem ‘pátria’”, escreveu em tom acusatório, “mas só pensam em números”.

Ele percebeu que trabalhadores desapontados com o impassível Partido Social Democrata eram um alvo. Ele chamava os socialdemocratas de “o partido mais desavergonhado da Alemanha” e o culpava pela “pobreza, fome, pelos ricos cada vez mais gordos e trabalhadores cada vez mais magros”. Os socialdemocratas, disse Goebbels em agosto de 1930, “não eram mais os protagonistas de um socialismo verdadeiro e dotado de propósito”, mas em vez disso tinham se tornado “lacaios e beneficiários do capitalismo de mercado”. De fato, com políticos velhos e corruptíveis, o Partido Social Democrata tornou a ascensão dos nazistas em Berlim mais fácil.

O maior desafio para os nazistas era o Partido Comunista da Alemanha (KPD), comandado em Berlim por Walter Ulbricht, que se tornaria no futuro o líder de fato da Alemanha Oriental no pós-guerra. O partido ativista tinha seus redutos nos bairros de trabalhadores de colarinho azul, como Friedrichshain e Wedding, e possuía uma poderosa organização paramilitar, a Aliança dos Lutadores da Frente Vermelha (Roter Frontkämpferbund).

Para políticos serem bem sucedidos nos bairros “vermelhos” de Berlim, eles tinham que falar a língua dessas vizinhanças. Em um panfleto distribuído em Setembro de 1931 para trabalhadores desempregados nas filas de uma agência do governo em Berlim, Goebbels escreveu que o Partido Nazista “estava voltado para trabalhadores sem trabalho e sem esperança, expostos às formas mais horríveis de desespero”, e prometeu “destruir o sistema capitalista e substituí-lo com uma nova ordem socialista”.

No seu apelo “para todos os desempregados”, os nazistas astutamente questionaram a força dos partidos de esquerda, o Partido Social Democrata e o Partido Comunista. Goebbels abordou os trabalhadores tratando-os como noivas traídas, referindo-se a eles como “aqueles que foram abandonados por aqueles que os seduziram”.

Goebbels era familiarizado com os pontos fracos dos comunistas, a linguagem rebuscada dos seus oficiais e o controle que os líderes soviéticos exerciam sobre eles. No Der Angriff, Goebbels escreveu que o Partido Comunista era “uma legião estrangeira russa em solo alemão” criada com “dinheiro russo e recursos humanos alemães” e que estava alienando membros do proletariado.

Ajudados por um “mártir”

Horst Wessel era um dos propagandistas do Partido Nazista que sabia como conquistar o apoio dos trabalhadores. Nascido em 1907, graduou-se em uma escola que dava ênfase aos clássicos, mas abandonou a universidade antes de obter seu diploma. Wessel se via como um socialista que tinha sido abalado pelo “grande empobrecimento e servidão das classes trabalhadoras em todas as profissões”.

Filho de um pastor protestante, Wessel tinha 19 anos quando ingressou no Partido Nazista em 1926. Em 1929, ele tinha avançado dentro do partido e se tornado comandante de um esquadrão da SA em Friedrichshain. Em algumas semanas, a sua habilidade retórica o ajudou a recrutar dúzias de novos membros. Juntos, eles se tornariam a notória “SA-Sturm 5”.

Perto de Goebbels não havia ninguém que falava pelo Partido Nazista em Berlim com mais frequência do que Wessel. Seus discursos convenciam até comunistas a ingressarem nas SA. Com a aprovação de Goebbels, eles podiam trazer seus shawms, instrumentos musicais parecidos com o oboé, para os eventos nazistas. Wessel e seus amigos buscavam estabelecer contato com o proletariado em vielas escuras e bares barulhentos, em esquinas e agências de emprego. Dessa forma, eles aderiam ao terceiro dos “Dez Mandamentos do Nacional Socialismo”, redigido por Goebbels: “Todo camarada alemão, até o mais pobre, é parte da Alemanha. Ame-o como ama a si mesmo”.

Em pouco tempo Wessel se tornou uma figura odiada na “Comuna”, como os nazis chamavam o Partido Comunista. Em Janeiro de 1930, Albrecht Hohler, um cafetão comunista, atirou na boca de Wessel, que vivia com uma ex-prostituta. Ele morreu de complicações pouco tempo depois.

Seu funeral é um exemplo de como Berlim estava fora de controle na época. Comunistas atacaram a procissão tentando roubar o caixão. Antes do funeral, pintaram as palavras “Um último Heil Hitler para o cafetão Horst Wessel!” nas paredes do cemitério Nikolai.

Atraindo trabalhadores para longe do Partido Comunista

A morte de um dos seus propagandistas mais poderosos não enfraqueceu o Partido Nazista em Berlim. Comunistas se tornaram vítimas frequentes de membros das SA. Em uma das versões de sua canção “Nós Marchamos na Grande Berlim”, eles cantavam “a frente vermelha, vamos parti-los em pedaços”. Em outra versão, diziam “vamos espancá-los até virarem polpa”.

O Partido Nazista continuou a atrair novos membros, e Wessel se tornou um mártir. Nos bares da SA – os quais, de acordo com a polícia, quintuplicaram para 107 entre 1928 e 1931 – membros da SA nos seus uniformes marrons cantavam um hino supostamente escrito por Wessel que dizia: “Bandeiras altas! Fileiras fechadas! As SA marcham com passo furtivo e constante”.

Seis meses depois da morte de Wessel, estava claro que Berlim estava à beira de um terremoto político. Em Setembro de 1930, uma multidão de mais de 100 mil pessoas se juntou ao redor do estádio Sportpalast, tentando comparecer a um comício de Hitler. Nas eleições do Reichstag quatro dias depois, o Partido Nazista se tornou o segundo partido mais forte do país, capturando 18% do eleitorado. Em Berlim, onde era o terceiro partido mais forte depois do Partido Social Democrata e do Partido Comunista, reuniu 396 mil votos, dez vezes mais do que tinha conseguido dois anos antes.

Os nazistas tinham se tornado o centro de poder e os criadores de tendências políticas. Até os comunistas, que antes tentavam lutar contra os nazistas com punhos, socos ingleses e revólveres (o lema deles era: “bata nos fascistas onde quer que os encontre!”), estavam agora cortejando os seguidores de Hitler. Em um apelo do escritório de Berlim-Brandenburg, em Novembro de 1931, o Partido Comunista elogiou os “trabalhadores nacional socialistas” e “o proletariado que apoia o Partido Nazista”, chamando-os de “honestos batalhadores contra um sistema de fome”.

O Partido Nazista havia quebrado o monopólio do Partido Comunista como partido de protesto entre a classe trabalhadora de Berlim. Em agosto de 1930, o jornal oficial do Partido Comunista, Der Parteiarbeiter (O Trabalhador do Partido) reclamou que novos camaradas do partido não estavam encontrando “o espírito de camaradagem necessário para cooperação entre amigos”. Mas os nazistas não tinham esse problema. Ao invés da rígida guerra ideológica interna, as SA ofereciam sopa quente e solidariedade. Em 1932, existiam 15 mil membros da SA em Berlim.

Durante o natal, membros do partido desempregados eram convidados para a casa de membros que ainda tinham emprego, o que Goebbels chamava de “socialismo de ação”.

Esse conceito gradualmente dominou o Wedding “vermelho”, onde o número de membros cresceu de 18 para 250 entre 1928 e 1930. Em um bairro onde a maioria votava nos comunistas, a juventude hitlerista fazia eventos de debates públicos com títulos como “A Suástica ou a Estrela Soviética”.

Trabalhadores que tinham vivido na União Soviética eram convidados populares nas noites de propaganda dos nazistas. Eles relatavam vividamente a vida miserável dos trabalhadores e o terror imposto pela polícia secreta no país de onde vinham. Uma das grandes estrelas do circo político nazista era Roland Freisler. Durante a Primeira Guerra Mundial, Freisler foi mantido como prisioneiro de guerra na Rússia. Mais tarde ele se tornaria presidente da “Corte do Povo” no regime nazista, julgando “delitos políticos” e condenando frequentemente à pena de morte.

A massa crítica de popularidade

Em 1932, quando o exército de desempregados no país aumentou para mais de 6 milhões, 600 mil deles em Berlim, o Partido Nazista atingiu o pico de popularidade que o tornaria um dos grandes partidos, somando 40 mil membros em sua organização regional. Em março de 1932, o partido mobilizou 80 mil pessoas para um comício no parque Lustgarten (hoje chamado de Ilha do Museu), o que se tornou uma prévia dos eventos futuros. Em abril, 200 mil pessoas se reuniram na praça entre o prédio Zeughaus (onde atualmente fica o Museu de História da Alemanha) e o Palácio da Cidade de Berlim para celebrar Hitler.

Alguns meses antes, as eleições para diretórios estudantis em Berlim mostraram que estudantes universitários também estavam ansiosos para apoiar Hitler. Os nazistas arrebanharam 3794 dos 5801 votos, ou quase dois terços. A onda hitlerista atingiu até crianças, que participavam da Juventude Alemã, subdivisão da Juventude Hitlerista para garotos mais jovens, e da Liga das Garotas Alemãs. Naquele ponto muitos pais e avós eram surpreendidos por crianças insistindo para que votassem em Hitler.

Jovens que liam o Der Angriff, que começou a ter publicação diária em novembro de 1930, eram formadores de opinião em fábricas e escritórios. Em novembro de 1932, a Organização de Células Nacional Socialistas, juntos com a União de Oposição Revolucionária (facção do Partido Comunista), organizaram uma greve contra cortes de salários pela Autoridade de Transporte de Berlim. Nazistas e comunistas formaram piquetes um ao lado do outro e juntaram forças para espancar fura-greves.

A greve custou ao partido uma grande quantidade de votos nas eleições do Reichstag em novembro de 1932, principalmente em bairros de classe média. Mas Goebbels estava buscando um objetivo estratégico na cidade, onde o Partido Comunista era o seu rival mais forte. “Nossa posição permanente entre a classe trabalhadora”, ele escreveu em seu diário, “não pode ser abalada”.

Goebbels prometeu “direito ao trabalho” e “uma Alemanha socialista que dê pão novamente às suas crianças”. Isso despertou novamente a esperança de 31% dos eleitores de Berlim que votaram no Partido Nazista para a última eleição do Reichstag em março de 1933. Apenas aqueles prestando atenção ao que Goebbels estava dizendo poderiam adivinhar pra que lado o país estava indo sob a liderança nazista.

Um desses momentos foi uma transmissão de rádio em 1932 na qual ele defendeu “a criação e a aquisição de espaço”, o que traduzia as ambições de Hitler para expandir seu domínio pro leste. Outro foi um discurso em fevereiro de 1933 no túmulo de um líder da SA que tinha sido morto a tiros. Nesse dia ele ofereceu aos ouvintes de rádio uma amostra do que estava por vir: “Talvez nós alemães não sabemos bem o que significa viver, mas somos muito bons em morrer”.